Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento preocupante no número de acidentes relacionados à eletricidade.
Em 2022, o País contabilizou 149 eventos fatais em moradias urbanas e rurais, um aumento de 25,2% em comparação com 2021.
Os setores comercial e industrial também não foram poupados, com crescimentos de 5,1% e 2,9%, respectivamente.
Os dados constam da última edição do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica.
Para o professor Anderson Oliveira, da escola profissionalizante paulistana Intac Treinamentos, esses números são também um alerta para a necessidade de maior conscientização sobre o uso e manutenção de eletrodomésticos e sistemas de refrigeração comercial e industrial.
“Eletrodomésticos comuns, como máquinas de lavar, refrigeradores, micro-ondas e ares-condicionados, quando mal utilizados ou em mau estado de conservação, podem se transformar em verdadeiras armadilhas elétricas”, explica.
Recentemente, em Joinville (SC), uma tragédia envolveu uma mulher que foi eletrocutada ao usar uma lavadora de alta pressão na calçada de sua casa.
Em São Miguel do Oeste, também em Santa Catarina, um jovem de 26 anos perdeu a vida ao tentar fazer a manutenção elétrica de sua residência.
Mas não é só no Brasil que os acidentes elétricos preocupam. No início deste mês, no vilarejo indiano de Nandipet, uma menina de apenas quatro anos sofreu um choque fatal ao tentar abrir a porta de um refrigerador em um supermercado.
Uma investigação preliminar apontou que o equipamento não estava devidamente aterrado, o que resultou no acidente.
Para o docente, a prevenção é a melhor maneira de evitar tais fatalidades.
“É essencial que todos os clientes do nosso setor estejam cientes da importância de manter seus equipamentos em bom estado e seguir as recomendações dos fabricantes”, destaca.
- Criança morre eletrocutada ao abrir geladeira em supermercado
- Morre refrigerista vítima de explosão de geladeira em Manaus
- Instaladores têm novo programa de capacitação da Philco
Além da manutenção regular, existem dispositivos que podem ajudar a prevenir acidentes elétricos.
“Os disjuntores diferencias residuais (DRs) são tecnologias que detectam fugas de corrente e desligam o circuito automaticamente. Eles são essenciais para prevenir choques elétricos”, acrescenta.
Outra medida simples, mas frequentemente negligenciada, é o aterramento.
“Um bom sistema de aterramento evita que correntes elétricas indesejadas passem por aparelhos e pessoas, reduzindo significativamente o risco de acidentes”, reforça.
Nesse sentido, vale lembrar que eletrodomésticos com plugues de apenas dois pinos não possui aterramento.
“Isso é facilmente observado por qualquer pessoa, pois o pino do meio é o terra. Isso é válido para qualquer equipamento e eletrodoméstico”, diz.
Outro fator de observação é que nem todas as tomadas de três pino têm, de fato, o cabo de aterramento.
“Assim, tanto o aterramento quanto o DR devem trabalhar em conjunto, Afinal de contas, segurança nunca é demais”, aconselha.
Em se tratando de instalações elétricas, particularmente, Oliveira também faz um alerta contundente contra as soluções improvisadas.
“As chamadas gambiarras não são apenas atalhos perigosos, elas podem ser armadilhas mortais. Estamos lidando com energia, e qualquer negligência pode ter consequências fatais”, afirma.
Por fim, salienta, “as gambiarras não são apenas um risco para quem faz, mas para todos que convivem no ambiente”.
“Um simples erro pode desencadear acidentes gravíssimos, como incêndios que podem devastar toda uma propriedade”, arremata.