Durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, um consenso emergiu entre especialistas e líderes ambientais: a aceleração na redução dos hidrofluorcarbonos (HFCs) é vital para mitigar o aquecimento global.
Esse apelo urgente vem em resposta às conclusões do relatório Global Cooling Watch, que destaca a importância crítica de melhorar as tecnologias e regulamentações no setor de refrigeração para alcançar uma redução significativa nas emissões globais.
Os HFCs, utilizados em sistemas de refrigeração e ar condicionado, são conhecidos por seu alto potencial de aquecimento global, superando em muito o dióxido de carbono (CO2).
O relatório indica que, sem ações imediatas e integradas para substituir os HFCs por alternativas mais sustentáveis e aumentar a eficiência energética dos equipamentos, as emissões do setor de refrigeração poderão representar mais de 10% das emissões globais até 2050.
A Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, um acordo internacional que visa a redução gradual desses gases de efeito estufa (GEE), foi citada como um passo fundamental. No entanto, especialistas alertam que os esforços atuais são insuficientes.
Mais de 80% dos países já possuem regulamentações para lidar com os HFCs, mas a implementação e a fiscalização permanecem desafiadoras. Apenas 30% dos países têm medidas abrangentes em vigor para combater efetivamente as emissões de HFCs.
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O relatório sugere que a adoção de tecnologias avançadas em novos equipamentos, a gestão eficiente de refrigerantes e o fortalecimento da fiscalização nacional podem dobrar a eficácia do cronograma de redução de Kigali. Essa aceleração poderia resultar na diminuição pela metade das emissões de HFCs em 2050.
“Países e o setor de refrigeração devem agir agora para garantir um crescimento de refrigeração de baixo carbono. As soluções já estão disponíveis e, se implementadas corretamente, podem cortar o aquecimento global, melhorar a vida de milhões e gerar economias financeiras consideráveis”, destaca Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Além de reduzir os HFCs, o documento ressalta a importância de medidas de refrigeração passiva, como isolamento e ventilação natural, e a implementação de padrões de eficiência energética mais elevados.
Essas estratégias não apenas reduzem a dependência de refrigerantes prejudiciais ao clima, mas também diminuem o consumo de energia e os custos operacionais associados.
A COP28 se tornou um ponto de encontro crucial para a formulação de estratégias de mitigação climática. Com o compromisso de mais de 60 países no Compromisso Global sobre Refrigeração, há uma esperança crescente de que ações coordenadas possam levar a uma redução significativa nas emissões de GEE e ajudar a atingir as metas do Acordo de Paris.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esse movimento global rumo a uma refrigeração mais sustentável e eficiente em energia reflete uma compreensão crescente de que o setor de refrigeração, vital para a vida moderna, deve evoluir rapidamente para desempenhar um papel positivo na luta contra as mudanças climáticas.
Benefícios econômicos
A adoção das recomendações do relatório divulgado na COP28 poderia reduzir as emissões projetadas de 2050 para a refrigeração habitual em cerca de 3,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Isso possibilitaria:
- Beneficiar mais 3,5 bilhões de pessoas com refrigeradores, ares-condicionados ou refrigeração passiva até 2050.
- Reduzir as contas de eletricidade dos usuários finais em US$ 1 em 2050, e em US$ 17 trilhões acumuladamente entre 2022 e 2050.
- Diminuir os requisitos de pico de potência entre 1,5 e 2 terawatts (TW) – quase o dobro da capacidade total de geração da UE hoje.
- Evitar investimentos em geração de energia da ordem de US$ 4 a US$ 5 trilhões.