Num planeta cada vez mais quente, o frescor de um ambiente climatizado artificialmente é uma necessidade em ascensão. Consequentemente, as vendas de aparelhos de ar condicionado estão disparando, com uma taxa impressionante de dez unidades vendidas a cada segundo, de acordo com relatórios recentes.
O fenômeno é resultado das temperaturas crescentes ao redor do mundo. Países habitualmente quentes estão ficando ainda mais quentes, com temperaturas atingindo recordes com mais frequência no verão. Até mesmo países de clima temperado estão enfrentando ondas de calor outrora inimagináveis.
Por isso, calcula-se que 1,2 bilhão de pessoas, tanto em áreas urbanas quanto rurais, estejam em risco, devido à falta de acesso a sistemas de refrigeração e ar condicionado.
Entretanto, este “boom” nas vendas de ares-condicionados traz consigo uma série de desafios. A demanda crescente por climatização pode complicar a transição energética global dos combustíveis fósseis para as fontes renováveis.
Os especialistas dizem que o consumo de energia para refrigeração é uma das principais forças motrizes do aumento da demanda global por eletricidade, o que pode colocar uma pressão ainda maior sobre as redes de energia.
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Atualmente, os ventiladores, umidificadores e aparelhos de ar condicionado utilizam mais de dois mil terawatts-hora (TWh) de eletricidade por ano – o equivalente a duas vezes e meia a energia elétrica total consumida em toda a África. Este número pode aumentar para 6,2 mil TWh até 2050, com cerca de 70% desse aumento vindo da demanda por unidades de ar condicionado em residências.
Nações onde se espera um crescimento significativo da demanda – particularmente Índia, China e Indonésia – precisarão construir grandes instalações de energia cara para atender às necessidades de refrigeração previstas.
Os aparelhos de ar condicionado representam um desafio adicional em termos de eficiência energética. Frequentemente, os novos consumidores simplesmente priorizam a compra do aparelho mais barato disponível, independentemente de sua eficiência.
Políticas que incentivem ou obriguem as pessoas a comprar unidades de ar condicionado mais eficientes poderiam cortar a demanda energética em 45% e reduzir os custos de investimento e operacionais para a rede elétrica em US$ 3 trilhões, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Apesar disso, mesmo num cenário otimista que pressupõe a utilização de tecnologia de refrigeração mais eficiente, a demanda exigida deve ultrapassar as estimativas da AIE para um mundo aquecendo 2 °C neste século. Segundo algumas pesquisas, se todos no mundo tivessem acesso ao resfriamento necessário, a demanda energética relacionada seria três vezes superior às estimativas atuais.