A Whirlpool ajuizou, em 8 de março, uma ação contra a japonesa Nidec num tribunal distrital de Nova York. A empresa norte-americana alega suposta “violação de obrigações” no acordo de compra de ações (SPA, na sigla em inglês) da Embraco, indústria de compressores sediada no Brasil.
A transação, anunciada em 24 de abril do ano passado, obteve aval de autoridades antitruste nos EUA, Brasil e China e aguarda o mesmo dos reguladores na Europa e em outras jurisdições.
A Whirlpool acredita que a ação judicial nos EUA ajudará a acelerar esse processo e permitirá que o acordo seja fechado dentro do cronograma.
A dona das marcas Brastemp e Consul diz que ainda está confiante de que a compra da Embraco pela Nidec será fechada e que tomará todas as medidas para concluir o negócio até o próximo dia 24 de abril.
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O contrato de US$ 1,08 bilhão assinado entre as partes obriga a Nidec a obter as aprovações antitruste necessárias num prazo de um ano a partir do anúncio da compra. O acordo também permite que a aquisição seja concluída seis meses após o prazo inicial de fechamento.
Num comunicado divulgado em 11 de março, a indústria asiática disse que a ação da Whirlpool não tem mérito e que “está fazendo todas as coisas necessárias, adequadas ou aconselháveis para obter as aprovações antitruste requeridas” até o prazo final estabelecido no SPA.
Atualmente, o negócio está sob profunda investigação das autoridades da União Europeia (UE). Em novembro de 2018, a UE expressou preocupações a respeito do acordo, alegando que ele talvez possa reduzir, significativamente, a concorrência no mercado de compressores de refrigeração no bloco econômico.
“Essa indústria já está altamente concentrada”, disse, à época, Margrethe Vestager, responsável pela política concorrencial da Comissão Europeia (CE), órgão executivo da UE.
O propósito da investigação é “garantir que clientes e consumidores finais não sejam prejudicados com preços mais altos ou menos opções”, destacou a comissária, lembrando que “compressores de refrigeração são usados não apenas em aplicações comerciais, mas também em nossas casas, em geladeiras e freezers”.
A CE tem até 20 de maio para decidir o que fazer sobre o acordo. Em casos semelhantes ocorridos anteriormente, a CE já aprovou vendas sem alterações nos contratos, exigiu que as companhias envolvidas cedessem parte de seus portfólios ou desmembrou áreas específicas de negócios delas, criando novas empresas.