Por ser um composto inorgânico inofensivo ao clima do planeta, com baixo custo, baixo calor específico e alto calor latente de vaporização, a amônia (R-717) tem sido utilizada como fluido refrigerante desde que o ciclo de refrigeração por compressão de vapor foi desenvolvido, ou seja, há mais de 150 anos.
Devido a essas vantagens, ela é a substância mais empregada em grandes sistemas frigoríficos. Porém, por ser tóxica e levemente inflamável (B2L), suas aplicações devem obedecer a rígidas normas de segurança.
Por sinal, requisitos ambientais e de segurança são, definitivamente, uma obrigação para sistemas de refrigeração industrial. As indústrias simplesmente precisam seguir essas exigências e garantir a conformidade de suas instalações.
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Entretanto, as recorrentes falhas de manutenção em plantas frigoríficas, aliadas à falta de fiscalização por parte das autoridades, potencializam os riscos de desastres químicos no Brasil, colocando vidas de trabalhadores e vizinhos dessas empresas em perigo.
Mesmo quando ocorrem vazamentos de pequenas proporções desse gás letal, os colaboradores sofrem danos e, geralmente, a vizinhança é interditada.
Em 22 de janeiro, moradores de um bairro de Belo Horizonte (MG) tiveram de evacuar suas casas por causa de uma emergência dessa natureza.
Um técnico responsável por um frigorífico da região detectou o vazamento e conseguiu fechar a válvula que apresentava problema. Mas a ação não foi suficiente e o Corpo de Bombeiros teve de fazer o resfriamento das instalações.
Segundo especialistas, os componentes e sistemas desenvolvidos para amônia precisam ser hermeticamente selados e todos os potenciais riscos de vazamento precisam ser eliminados ou minimizados.
Juntas flangeadas, parafusadas e similares têm um potencial de vazamento maior do que o de juntas permanentes e, portanto, é óbvio que, quando possível, elas devem ser eliminadas.
Normas técnicas e de segurança
Em matéria de segurança e meio ambiente, diversas normas internacionais – como a ISO 5149 e a ISO 14903, que se baseiam em duas normas europeias, a EN 378 e a EN 16084 – visam minimizar os riscos de acidentes envolvendo sistemas de refrigeração industrial.
No Brasil, uma das normas do setor é NBR 16186, que estabelece os requisitos mínimos e os procedimentos para a detecção de vazamentos de fluidos frigoríficos, manutenção e reparo em equipamentos e instalações de refrigeração.
No campo trabalhista, a Norma Regulamentadora 36, conhecida como a NR dos Frigoríficos, detalha como devem ser asseguradas a proteção dos colaboradores, a correta manutenção dos sistemas e as medidas de prevenção de acidentes em empresas de abate e processamento de carnes e derivados.
Mesmo assim, de acordo com movimentos sindicais ligados aos trabalhadores da área, essas indústrias são, de longe, as maiores responsáveis por acidentes laborais no País, devido às condições de trabalho oferecidas a seus operários, bem como à falta de manutenção de seus equipamentos de refrigeração.
Sobre a gestão de riscos de acidentes químicos, os sindicatos dizem que a maioria das companhias não possui um plano de emergência adequado e a mão de obra não é devidamente treinada para agir nessas situações.