Picos de energia provocados pelas chuvas que atingiram o Rio de Janeiro causaram o incêndio que matou 10 jovens das categorias de base do Flamengo, disse ontem (9) o presidente-executivo (CEO) do clube, Reinaldo Belotti.
Em pronunciamento sem perguntas à imprensa, ele minimizou a ausência de alvarás e de licenças como causas para a desastre e alegou que o clube fez manutenções recentes nos aparelhos de ar condicionado.
“Aquilo não era um puxadinho que o clube escondia. Era um alojamento confortável, adequado à sua finalidade. A estrutura organizacional do Flamengo fez preventivamente uma manutenção em todos os aparelhos de ar condicionado e isso pode ser mostrado para quem quiser”, disse Belotti.
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O dirigente rubro-negro também defendeu as instalações do alojamento dos atletas de base do clube e reiterou a cooperação com o Corpo de Bombeiros para o resgate das vítimas.
Segundo a prefeitura do Rio, o projeto enviado às autoridades previa um estacionamento no local, e o clube pagou apenas 10 de 31 multas emitidas por infrações.
“Isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Temos providências a tomar para o CT ser legalizado. Estamos trabalhando para isso. Precisávamos de nove certificados, já temos oito. Estamos trabalhando com os bombeiros”, acrescentou Belotti.
Segundo o dirigente, os ventos que atingiram o Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (6) não afetaram as instalações do Centro de Treinamento George Helal, também conhecido como Ninho do Urubu.
Ele, no entanto, disse que a região da Vargem Grande foi muito atingida, provocando picos de energia na área que podem ter se refletido nos aparelhos de ar condicionado do alojamento e ocasionado o incêndio.
“Nós tivemos queda de postes, que atingiram a alimentação e a energia elétrica do CT. As condições do tempo e os picos de energia talvez tenham influenciado no funcionamento regular do ar-condicionado”, declarou.
Apesar dos pedidos para responder aos vários questionamentos dos jornalistas, Belotti saiu sem falar com a imprensa.
Ele não respondeu por que o espaço era usado como dormitório sem autorização, nem por que deixou de informar aos órgãos responsáveis a mudança de destinação da área de estacionamento.
Ele também não detalhou as infrações que justificaram as 31 autuações da prefeitura do Rio.
Leis e normas do setor
O Brasil possui, atualmente, 50 milhões de aparelhos de ar condicionado em operação. A estimativa é do Comitê Nacional de Climatização e Refrigeração, uma coalizão formada por dez associações e sindicatos de empresas e profissionais ligados ao setor.
Em face ao incêndio no CT do Flamengo na sexta-feira (8), o grupo soltou ontem (9) uma nota esclarecendo que “todo sistema de climatização deve obedecer a normas rígidas e critérios técnicos específicos, conforme a legislação e as normas brasileiras”.
“A instalação e a manutenção devem ser feitas obedecendo ao projeto adequado e realizado por empresas e profissionais qualificados e certificados”, destacou.
“As instalações devem ser dimensionadas corretamente, projetadas e realizadas por um responsável técnico habilitado”, disse o comitê, que participou ativamente da elaboração da Lei 13.589, que trata do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) de sistemas de ar condicionado.
Segundo o grupo, as instalações do gênero também devem obedecer aos requisitos das NBR 16.401 (Sistemas de Ar Condicionado), NBR 13.971 (Manutenção Programada) e NBR 14.679 (Limpeza de Dutos), além da Portaria 3.523/98 (PMOC), Resolução 9 da Anvisa (Parâmetros de Qualidade do Ar) e Lei 6.437 (Infração Sanitária).
Com informações da Agência Brasil