Fundada em 1991, em Caxias do Sul (RS), a Tecnipar está se reposicionando no mercado de máquinas e metalurgia, por meio da reestruturação de suas operações, processo iniciado há pelo menos dois anos, por conta da crise generalizada no setor da construção civil, que provocou a diminuição das vendas de imóveis e, consequentemente, dos lançamentos de novos empreendimentos.
A empresa gaúcha, que no auge chegou a ter 90 funcionários em uma área de 6 mil metros quadrados, optou por repassar sua linha de produtos para construção civil, como elevadores, andaimes e gruas, para a Mega Apoio – da mesma cidade –, indústria especializada em estruturas metálicas e equipamentos.
“A crise bateu forte aqui no Rio Grande do Sul, levando muitos dos maiores players a se retirarem do mercado. Vários entraram em recuperação judicial, outros simplesmente fecharam as portas. No nosso caso, o faturamento caiu 70% em relação a 2016”, explica Monica Paraboni, diretora da Tecnipar, tranquilizando os clientes sobre a continuação do atendimento de reposição de peças, agora a cargo da outra companhia.
A executiva comenta também que a situação transformou parte de seus clientes, que locava equipamentos, em “concorrentes” da empresa, pois, com pátios lotados de equipamentos, eles precisaram vendê-los por valores muito baixos em comparação a máquinas novas.
Foi o caso de construtoras que operavam quatro, cinco e até seis obras, simultaneamente, passaram a executar duas no máximo, e os equipamentos dos demais empreendimentos, sem uso, estavam gerando altos custos de armazenamento.
“Mesmo com as mudanças, continuaremos fabricando cabines de pintura, estufa e máquinas de desengraxe a vapor, entre outros produtos. Também estamos nos mudando para outro pavilhão, com 1.500 metros quadrados”, afirma, sem revelar o atual número de funcionários, que diminuiu.
Paralelamente à crise, argumenta Monica, o cenário foi agravado pelo aumento das exigências do Ministério do Trabalho, em função de normas de regulamentação de equipamentos, que encareceram as operações.
“Não programamos, no curto prazo, novas contratações. Vamos aguardar as eleições e entender como a economia e o mercado vão se comportar”, complementa.
Vídeo de desabafo
Algumas semanas atrás, circulou nas redes sociais e em grupos do WhatsApp um vídeo de um trabalhador de Caxias do Sul, que não se identificou, mas viralizou porque ele acabou fazendo a filmagem na frente da sede da Tecnipar, deixando claro que a empresa – como muitas outras na cidade – também havia fechado as portas, quando na verdade, o caso se deu na indústria localizada no terreno da frente.
“Já conversei com o rapaz e tudo foi esclarecido. Ele trabalhava na empresa que ficava aqui na frente da nossa e, muito chateado, fez esse vídeo no dia em que foi demitido. Não passou de um equívoco da parte dele, que viu a movimentação de transporte de máquinas e matérias-primas para o nosso outro galpão. E achando que estávamos fechando as portas, fez esse desabafo lamentando a atual situação do país, mas sem citar a nossa empresa”, esclarece Monica.