Apesar da saída dos britânicos da União Europeia pelo referendo que ficou conhecido como Brexit, a indústria de refrigeração e ar condicionado do Reino Unido não deixará de cumprir o regulamento do bloco econômico acerca dos gases fluorados com efeito estufa (F-gases).
Quem garante é o engenheiro mecânico Graeme Fox, integrante de duas entidades locais do setor. Segundo ele, a regulação original (EC 517/14) aprovada em Bruxelas foi transposta diretamente para a legislação britânica. “Portanto, ela já faz parte do nosso sistema legal”, afirma.
“Nosso governo, a agência de meio ambiente e suas equivalentes regionais estão todos comprometidos com a responsabilidade ambiental. Então, não posso imaginar a revogação dessa lei num futuro previsível, até porque isso caberia ao parlamento”, destaca.
Por serem inofensivos à camada de ozônio, os hidrofluorcarbonos (HFCs) são usados em diversos tipos de produtos e equipamentos, principalmente como substitutos dos clorofluorocarbonos (CFCs) e hidroclorofluorocarbonos (HCFCs) em chillers, bombas de calor, condicionadores de ar, refrigeradores domésticos, câmaras de congelados, sistemas veiculares e instalações de refrigeração comercial e industrial.
Na Europa, os HFCs mais comuns no mercado são o R-134a, o R-404A e o R-410A. Embora eles sejam fluidos refrigerantes eficientes, não inflamáveis e de baixa toxicidade, seu potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) impulsiona a adoção de políticas com foco na redução de emissões, por meio de prevenção e controle de vazamentos, limitação e eliminação progressiva de seu uso, proibição em novos equipamentos, rotulagem adequada e fornecimento responsável.
Alternativas aos HFCs
Para os ares-condicionados automotivos, a legislação europeia exige o uso de refrigerantes com índice de GWP menor que 150. Uma das alternativas buscadas pelo setor são as hidrofluorolefinas (HFOs) da linha Opteon, marca comercial da Chemours (antiga DuPont Refrigerantes). Segundo a companhia, o GWP do Opteon YF (R-1234yf) é igual a 1, enquanto o GWP do R-134a, o gás mais utilizado atualmente em veículos, é 1.300.
“O Opteon YF oferece bom desempenho no sistema com segurança comprovada, sendo termicamente estável em condições extremas, mesmo sendo levemente inflamável. Ele também apresenta performance bastante similar à do R-134a, tanto em relação à eficiência energética, quanto à capacidade de refrigeração, até em regiões de clima quente”, informa o gerente de fluorquímicos da filial brasileira, Renato Cesquini.
Para a substituição do R-134a nos sistemas de refrigeração doméstica e comercial, a multinacional norte-americana desenvolveu o Opteon XP10 (R-513A). Outros fluidos dessa linha são o Opteon XP40 (R-449A) e o Opteon XP44 (R-452A), que substituem o R-404A na refrigeração comercial e em transporte refrigerado, respectivamente.
“Essa quarta geração de fluidos refrigerantes foi desenvolvida seguindo as premissas que sempre nortearam nosso trabalho: segurança e sustentabilidade, desempenho, custo-benefício e disponibilidade comercial”, diz Cesquini, ao salientar que os fluidos Opteon também já estão sendo introduzidos em outros mercados, inclusive no Brasil.
De acordo com estimativas da Chemours, 40 milhões de carros usando o R-1234yf estarão em circulação até o final de 2017, atingindo 140 milhões em 2020. Além disso, cerca de mil sistemas de refrigeração comercial, especialmente de supermercados, usarão o Opteon XP40 até o final de 2016, chegando a aproximadamente 10 mil instalações em 2020.