A falta de sistemas de refrigeração e ar condicionado afeta a saúde e a qualidade de vida de mais de 1,1 bilhão de pessoas na Ásia, na África e na América Latina.
São cerca de 470 milhões de indivíduos em áreas rurais e 630 milhões de moradores de favelas nas cidades em risco, revela o relatório Chilling Prospects: Providing Sustainable Cooling for All.
O estudo foi publicado hoje (16) pelo grupo sem fins lucrativos Energia Sustentável para Todos (SEforALL, em inglês) com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento é o primeiro do gênero a quantificar os riscos crescentes associados à falta de refrigeração e a avaliar as oportunidades de negócios geradas por esse desafio global.
Dos 52 países avaliados, os nove mais vulneráveis aos riscos são Índia, China, Moçambique, Sudão, Nigéria, Brasil, Paquistão, Indonésia e Bangladesh.
Esses riscos são vistos como uma questão de desenvolvimento e mudança climática, pois representam desafios para a saúde, a segurança e a produtividade de populações em todo o mundo, informa o comunicado distribuído à imprensa.
O SEforAll diz que o documento constitui um apelo urgente para a ação com recomendações específicas para agentes políticos, líderes empresariais, investidores e sociedade civil, com o intuito de facilitar o acesso a soluções sustentáveis para todos.
O relatório ressalta que esse desafio específico oferece a empresas e empreendedores a oportunidade de explorar novos e importantes mercados consumidores que demandam tecnologias mais econômicas e supereficientes.
“O acesso à refrigeração é agora uma questão fundamental de equidade”, afirma o relatório. “E como as temperaturas atingem níveis recordes, isso também pode significar a diferença entre a vida e a morte para muitos”, alerta.
A agência de saúde pública da ONU estima que o estresse térmico provocado pelo aquecimento global causará, provavelmente, 38 mil mortes extras por ano entre 2030 e 2050. Em uma onda de calor em maio, mais de 60 pessoas morreram em Karachi, no Paquistão. À época, os termômetros ultrapassaram 40 ºC.
Em áreas remotas de países tropicais, muitas pessoas não têm eletricidade e os centros de saúde não conseguem, muitas vezes, armazenar vacinas ou medicamentos que precisam ser refrigerados, aponta o estudo. E nas favelas urbanas, o fornecimento de energia não é constante.
Muitos agricultores e pescadores também não têm acesso à cadeia do frio para preservar e transportar seus produtos adequadamente para os mercados. Os peixes, por exemplo, apodrecem em poucas horas se armazenados a 30 ºC, mas permanecem frescos durante dias quando resfriados.
Enfim, o relatório, que faz parte da iniciativa Cooling for All, chama a atenção para a interseção direta entre três tratados internacionais: o Acordo Climático de Paris, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.
“Em um mundo que enfrenta continuamente aumentos de temperatura, o acesso à refrigeração não é um luxo, mas sim uma necessidade. Ela garante o fornecimento de alimentos frescos, o armazenamento seguro de vacinas que salvam vidas e as condições adequadas de trabalho e moradia”, reforça a chefe do SEforALL e representante do secretário-geral das Nações Unidas no grupo, Rachel Kyte.
“O acesso universal a sistemas de climatização e refrigeração limpos e eficientes representa um enorme ganho para as pessoas e o planeta, e isso pode ajudar a alcançar os ODS”, salienta a presidente da Climate Works Foundation, Charlotte Pera.
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