Aquela fumaça de cigarro que as pessoas respiram quando estão perto de fumantes – chamada de fumo passivo (ou secondhand smoke, SHS, em inglês) – é reconhecida como uma das principais causas de doenças em não fumantes, incluindo o câncer de pulmão.
Mas um poluente invisível e não menos perigoso proveniente da queima do tabaco também preocupa, há muito tempo, os especialistas em saúde pública e qualidade do ar interior (QAI).
Trata-se do fumo de terceira mão (thirdhand smoke, THS), resíduo gerado pelo SHS em decomposição que adere ao pó e às superfícies dos móveis, carpetes, tecidos e outros objetos e é reemitido lentamente no ar – uma vez formado, pode levar de meses a anos para que ele se dissipe.
No ano passado, uma pesquisa mostrou que crianças colocadas em uma sala de aula onde as pessoas já haviam fumado por anos, mas não estavam mais fumando, tinham quantidades significativas de nicotina nas mãos e na saliva.
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Estudos anteriores também descobriram THS em automóveis, residências e quartos de hotéis que proíbem o cigarro. Outra investigação chegou a detectá-lo em uma unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal altamente protegida e livre de fumo, segundo o artigo Thirdhand Smoke: State of the Science and a Call for Policy Expansion, publicado há dois anos.
A comunidade científica, dizem os pesquisadores, deve apoiar maiores esforços para erradicar todas as formas de exposição ao tabaco, por meio de mais pesquisa e desenvolvimento de políticas visando a redução do THS.
Uma preocupação especial relativa ao fumo de terceira mão é que a nicotina e outros resíduos do cigarro podem interagir com outros compostos químicos para formar novos agentes tóxicos e cancerígenos, alertam os cientistas.
“Esforços para reduzir ainda mais a exposição ao SHS/THS podem, em última instância, diminuir as doenças relacionadas ao tabaco e preservar a saúde de adultos e crianças não fumantes”, conclui o estudo.