A indústria de refrigeração e ar condicionado dos EUA alega que o fracasso do país em ratificar a Emenda de Kigali para reduzir os hidrofluorcarbonos (HFCs) levará a perdas de emprego e a um declínio nas exportações.
A afirmação consta de um relatório do Instituto de Refrigeração, Aquecimento e Ar Condicionado (AHRI) e da Aliança para a Política Atmosférica Responsável, que foi enviado à Casa Branca, à Agência de Proteção Ambiental (EPA) e ao Departamento de Estado.
O documento, intitulado Impactos Econômicos da Ratificação da Emenda Kigali pelos EUA, insiste que a adoção do pacto climático é crucial para manter a liderança do país no setor, que foi fortalecida e ampliada por seu apoio ao Protocolo de Montreal.
Explicando que a indústria dos EUA apoia fortemente a ratificação da Emenda Kigali, o relatório diz que o acordo “fornece uma plataforma global para introdução e comercialização graduais de tecnologias de próxima geração nos EUA e no mercado global em rápida expansão”.
“As transições prévias no âmbito do Protocolo de Montreal permitiram que essas fortes indústrias dos EUA mantivessem sua liderança em tecnologia. A nova Emenda Kigali, que cria um caminho claro para a adoção global [de novos fluidos refrigerantes], terá um efeito similar”, ressalta.
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O relatório sustenta que implementação do acordo seria boa para os empregos americanos, ao mesmo tempo em que fortaleceria as exportações americanas e enfraqueceria o mercado de produtos importados, permitindo que os EUA continuem liderando o setor.
“Sem a ratificação de Kigali, as oportunidades de crescimento serão perdidas, juntamente com os empregos para apoiar esse crescimento, o déficit comercial crescerá e a participação dos EUA no comércio exterior diminuirá”, alerta.
Estima-se que a ratificação de Kigali também acrescentaria US$ 5 bilhões por ano ao valor das exportações americanas e reduziria as importações em US$ 6,5 bilhões por ano até 2027. Somando-se o impacto da fabricação de fluorocarbonos, o superávit para a balança comercial totalizaria mais de US$ 12,5 bilhões por ano.
Espera-se que a ratificação de Kigali também gere 33 mil empregos adicionais até 2027. Somando-se os efeitos indiretos e induzidos da ratificação, o relatório estima que o número de empregos adicionais aumentaria para 150 mil.
O relatório também argumenta que a ratificação de Kigali impulsionaria o negócio de refrigerantes reciclados, com um aumento de vendas de US$ 800 milhões por ano, gerando mais quatro mil empregos. “Além disso, Kigali criaria 1,4 mil empregos em pesquisa e desenvolvimento”, informa.
O relatório também destaca a necessidade de manter a força tecnológica e econômica da indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (HVAC-R) dos EUA. Espera-se que, para atender às necessidades da China, Índia, América Latina e África, as exportações cresçam 6% ao ano na próxima década.
Sem a ratificação, a participação dos EUA nesse mercado, atualmente de 7,2%, cairia para 6,2% na próxima década, argumenta o relatório. Os investimentos domésticos em novas tecnologias para atender às exigências de Kigali permitiriam ao país atingir 9% de participação no comércio exterior.
O AHRI e a Aliança para a Política Atmosférica Responsável reúnem todos os principais fornecedores de fluidos refrigerantes dos EUA e outras grandes indústrias, incluindo Carrier, Daikin, Danfoss, Emerson, Ingersoll Rand e Johnson Controls.