“Até hoje, quando o tempo muda, eu ainda sinto a cabeça doer”, reclama o refrigerista Edison Araújo, um mês depois de ter sido quase queimado pela explosão do motor de um refrigerador duplex frost free Electrolux.
O eletrodoméstico foi criminosamente abastecido com gás liquefeito de petróleo (GLP) no lugar do R-134a, refrigerante não inflamável e sem componentes agressivos à camada de ozônio.
O caso ocorreu no dia 6 de julho, em uma residência da comunidade da Praça Seca, bairro da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Por sorte, ninguém saiu ferido. Além da perda total do aparelho, a cozinha do cliente ficou toda chamuscada.
Desconfiado da qualidade do serviço realizado pelo “técnico” anterior, o cliente solicitou que Edison verificasse o equipamento.
Refrigerista formado há 12 anos na Bayer de Belford Roxo, percebeu rapidamente a barbeiragem do “colega” – a entrada de serviço do motor estava entupida com solda.
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Momentos após acender e começar a usar o maçarico para tirar o excesso de solda, ele ouviu um forte estrondo dentro do refrigerador e recebeu o “coice” da onda de choque da explosão, sendo salvo pelos equipamentos de proteção individual – luvas, óculos e jaleco antichamas.
O episódio quase trágico poderia ter sido evitado se o cliente avisasse que o “técnico” havia usado o botijão de cozinha da casa para fazer a recarga de gás no refrigerador.
Infelizmente, fatos como este ocorrem a todo instante em muitos outros lugares do País, pois o mercado ainda está repleto de falsos refrigeristas e de profissionais sem a mínima condição técnica de atuar, e que cobram preços muitas vezes abaixo dos praticados no setor.
No caso em questão, segundo Edison, o pseudo-refrigerista cobrou R$ 120,00 pelo serviço – valor similar ao pedido por profissionais gabaritados para fazer o trabalho.
“Para se ter um ideia, uma lata com 750 gramas de R-134a custa em torno de R$ 35,00, e somente 120 gramas do produto são utilizados neste serviço”, salienta Edison, reforçando o atual estágio de preocupação do HVAC-R brasileiro.