A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) divulgou, em recente alerta aos fabricantes, usuários e técnicos em refrigeração, os riscos associados ao uso de compostos com hidrocarbonetos em sistemas de climatização veiculares e residenciais que não foram projetados para funcionar com esses refrigerantes.
Segundo a EPA, os fluidos rotulados com as marcas “22a” ou “R-22a” são altamente inflamáveis e, portanto, os equipamentos recarregados com essas substâncias podem pegar fogo ou explodir, causando danos materiais, ferimentos e até mortes.
A situação é levada tão a sério que a polícia federal norte-americana (FBI) começou a apurar a ocorrência de possíveis incêndios fatais e prendeu recentemente, em Louisiana, um homem de 34 anos acusado de comercializar dezenas de milhares de dólares de um refrigerante com propano (R-290) em sua composição.
De acordo com a imprensa local, o produto, comercialmente conhecido como Super-Freeze 22a, foi anunciado como substituto do R-22 entre 2012 e 2016 e vendido para um grande número de empresas e clientes finais que, em sua maioria, não estava ciente de seus perigos.
Leia também
- Acidentes com gases inflamáveis preocupam indústria do frio
- Vazamento de R-22 gera prejuízo de R$ 500 milhões
- Recarga com GLP faz refrigerador ir pelos ares
Cenário nacional
No Brasil, a polícia ainda não apura os fatos dessa natureza, mas há muitos casos de incidentes e até de acidentes que ocasionaram ferimentos graves e mutilações durante retrofits.
“Isso se deve a produtos de baixa qualidade, adulterados ou sem garantia de origem”, ressalta o professor Américo Martins, diretor da Thermo Cursos, escola profissionalizante de São José do Rio Preto (SP).
“Ultimamente, tenho recebido informações sobre a comercialização de diversos fluidos refrigerantes que seriam utilizados como alternativas ao HCFC-22, mas que estão fora das especificações de qualidade da Ashrae”, diz.
“Infelizmente, muitos acidentes ainda irão ocorrer, por falta de informação e conhecimento”, lamenta.
Segundo Martins, quase todos os profissionais do setor de refrigeração têm uma história para contar sobre o assunto. “No Nordeste, por causa do clima mais quente, a situação é crítica”, informa.
Em sua avaliação, uma leitura atenta do noticiário do segmento, inclusive nas mídias sociais, dá a medida clara do avanço do comércio envolvendo esses produtos.
“Formulações com alto índice de isobutano (R-600a) são anunciadas a preços extremamente baixos e vendidas sem nenhum controle ou fiscalização”, exemplifica.
Além dos riscos à segurança dos instaladores e usuários de ar-condicionado, o especialista salienta que as substâncias desse tipo provocam o aumento excessivo de temperatura e pressão no circuito frigorífico, queimas elétricas, carbonização de componentes, deterioração do óleo lubrificante, perda de rendimento, aumento do consumo energético e fim da garantia do compressor.