
Responsáveis pela qualidade dos perecíveis comercializados pelo varejo, bem como matérias-primas e produtos finais das indústrias de alimentos, fármacos e vários outros setores estratégicos da economia, as câmaras frigoríficas normalmente são feitas para durar.
Mas nem sempre isso ocorre, sendo muitas vezes necessária a substituição precoce de instalações do gênero que ainda poderiam ter um bom tempo de operação pela frente.
As razões disso começam no momento da montagem e prosseguem ao longo do tempo, dependendo dos equipamentos em seu interior, dos procedimentos operacionais diários e das práticas de manutenção adotadas.
O engenheiro mecânico, empresário e professor de HVAC-R curitibano Edson Girelli já viu obra do gênero superar as três décadas de vida em perfeito estado, devido justamente à atenção redobrada de seus proprietários com relação à forma de construí-la e mantê-la.
Na primeira parte desta série especial, ele aponta os cuidados básicos na hora de construir uma câmara fria.
Qual o papel do gabinete na longevidade de uma câmara?
Girelli – É a base da instalação, composta por teto, paredes e piso, o que faz dele um elemento básico na longevidade de todo o conjunto da câmara fria.
Quais são as opções usuais para o isolamento térmico de uma câmara?
Girelli – Os painéis de câmaras frias, que formam o gabinete após montados, são formados por duas chapas de aço, tendo em seu miolo um isolante de poliuretano poliisocianurato (PIR) em espessuras comerciais que variam de 30 mm a 200 mm.
O PIR é uma evolução do PUR, o antigo poliuretano, mas com propriedades melhores contra a propagação de chamas e fumaça, inclusive em relação ao Poliestireno Expandido (EPS), popularmente conhecido como Isopor®, cujas espessuras comerciais variam entre 50 mm e 250 mm.
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Existe relação entre o isolamento térmico escolhido para uma câmara fria e sua vida útil?
Girelli – Sim. Se ela for armazenar carnes, por exemplo, com o tempo pode sofrer infiltração do soro da carne e isso diminui sensivelmente a durabilidade.
Outro detalhe importante é sempre preferir o uso do PIR ao invés do EPS, que possui células maiores, proporcionando assim maior absorção d’água, um considerável redutor de sua vida útil.
A diferença entre os dois materiais pode ser demonstrada objetivamente, em termos de durabilidade?
Girelli – Bem, existe uma série de fatores determinantes da durabilidade de uma câmara fria, como será demonstrado ao longo dessa série.
Mas posso dizer que já vi instalação revestida com PUR (atualmente, o PIR vem substituindo o PUR) passar dos 30 anos funcionando perfeitamente, isto é, sem problema nenhum de transmissão de calor de um lado para o outro, sem criar ponto de orvalho etc.
Quanto às isoladas com EPS, tenho constatado uma durabilidade ao redor de uma terça parte disso.
Para completar as características de uma câmara fria quando do seu nascimento, o que você diria sobre o aço que reveste o isolamento?
Girelli – Se for um aço de baixa qualidade e sem tratamento antiferrugem, o problema vai surgir no metal e não na isolação. A Vigilância Sanitária pode até embargar a instalação e fazer você trocar o material inteiro.
E não adianta resolver essa questão com uma pintura. Em outras palavras, a qualidade do aço, combinada à do isolamento, é a base da longa vida de uma câmara fria.
Na próxima matéria desta série, vamos falar sobre a máquina e outros componentes vitais para o bom funcionamento duradouro de uma câmara frigorífica.