A Carrier Transicold esteve entre as forças da área que apresentaram na Fenatran 2024 soluções conectadas com a necessidade de redução da temperatura global, causa cientificamente já comprovada dos atuais extremos climáticos.
Hoje a empresa atua em duas frentes com essa finalidade, a da eletrificação – iniciada em 1999 na Europa – e, mais recentemente, o uso de biocombustível, conforme demonstrou em seu estande o equipamento Vector HE19 B100, para caminhões da modalidade trailer, que transportam até 30 paletes.
”A cada ano temos apresentado soluções elétricas com novas arquiteturas de operação, pois nosso mercado ainda não definiu qual será a tendência predominante”, afirma o especialista de Produtos, Marcos Souza.
Responsável pelo apoio técnico aos gestores de vendas espalhados pelo país, ele assegura que a migração para o biodiesel reduz em cerca de 70% a emissão de CO2 do equipamento frigorífico, comparativamente aos modelos convencionais.
Paralelamente, a indústria que abastece o mercado brasileiro com sistemas produzidos em suas fábricas mundo afora, encontra-se em fase de transição do fluido refrigerante R-404A para o R-452A.
Além disso, segundo Souza, o Vector mantém sua interface elétrica, caso haja uma tomada apropriada disponível.
Com isso, mesmo desligando-se o caminhão a refrigeração do baú é mantida, o que também evita a poluição sonora.
Outras tendências
Embora em países como a Alemanha haja caminhões com frio 100% elétrico para rodar até 400 quilômetros, Cláudio Biscola identifica uma evolução diferente em nosso mercado.
“No Brasil, os modelos totalmente elétricos rodam no máximo 250 quilômetros, sendo portanto ideais para as atividades de distribuição dentro das cidades”, pondera o diretor de Vendas América do Sul da Thermo King.
Enquanto isso, Biscola observa que os trajetos maiores têm sido atendidos pelos modelos híbridos, que utilizam a matriz elétrica para quando o veículo está parado e, claro, não pode interromper nesses períodos a refrigeração da carga.
Ou então, mesmo em movimento, aliviando o uso do motor em certos momentos e, consequentemente, reduzindo o consumo total de combustível.
Desafios
Embora bastante aquecido, esse mercado só deve deslanchar de vez à medida que a eletrificação aumente em escala, barateando a utilização de energia limpa, que ainda é cara de uma forma geral no país.
Tal realidade, segundo Biscola, vem exigindo de sua empresa um trabalho educativo, ao incentivar a instalação de tomadas adequadas nos postos de combustíveis.
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Ao mesmo tempo, tem mostrado aos frotistas a conveniência ecológica e econômica desse novo caminho. “Afinal, pesquisas mostram que os caminhões passam 70% do tempo parados”, justifica.
Quando essa ajuda extra da eletricidade vem de uma placa solar, por exemplo, diminui-se em cerca de 15% o uso de óleo diesel, podendo a economia chegar a 35%, dependendo da combinação de recursos utilizada e do perfil operacional existente quando se utilizam soluções híbridas.
Para Marcos Souza, da Carrier Transicold, igualmente fundamental para a evolução do segmento é a popularização do biodiesel, tanto nos postos de combustíveis quanto nos centros de armazenagem.
Quanto à questão das tomadas ainda escassas, sua empresa já possui alternativas, os dispositivos Eco-Drive e eCool.
O primeiro é um gerador de energia elétrica conectado a uma bomba hidráulica ligada ao motor do cavalo mecânico, de onde retira uma energia rotacional. “O tanque diesel da máquina, neste caso, fica apenas como um backup”, explica o especialista.
Já o eCool acumula a energia gerada enquanto o veículo se locomove, ou então a transmite diretamente para o sistema, como forma de economizar energia e poluir menos o ar em parte do percurso.
Manutenção
Sediada em Arapongas (PR), onde há 36 anos produz e realiza serviços de manutenção em equipamentos para transporte de mercadorias resfriadas e congeladas, a Rodofrio esteve nesta Fenatran igualmente preocupada com a sustentabilidade.
Tanto é, que além da redução de CO2 que comemora ter visto em praticamente todos os players da área que ali estiveram, o engenheiro mecânico Sérgio Eugênio destaca o aspecto economia circular observado nos cinco dias de evento.
“Na Rodofrio, que é a empresa nacional líder do segmento, já está tudo pronto para essa demanda do mercado por máquinas utilizando fluido refrigerante de baixo impacto ambiental, uma preocupação estendida pela indústria às demais áreas da manutenção”, explica.
Os equipamentos da marca, segundo ele, utilizam, por exemplo, correias para até 2 mil horas de trabalho, e o óleo do motor é trocado a cada 800 horas, “fatores diretos para a economia circular, à medida que otimizam a utilização de recursos”, observa.
De acordo com o especialista, aspectos assim tendem a se realçar mais ainda no próximo ano, quando teremos a COP 30 aqui no país, coincidindo com a celebração de uma década de Acordo de Paris.
“Consequentemente, deve aumentar, de forma significativa, a cobrança por resultados ambientais mais positivos, tanto das empresas quanto por parte do próprio consumidor final”, observa o engenheiro.
“Por isso estamos sempre buscando soluções e alternativas para produzir equipamentos com baixo potencial de emitir dióxido de carbono para a atmosfera, seja enquanto eles rodam, seja em decorrência de suas rotinas de manutenção”, conclui o profissional.
Enfim, diante de tantas possibilidades e variáveis existentes neste cenário, o show assistido por todos na última Fenatran tem tudo para prosseguir em nossas cidades e rodovias, culminando com um evento dos mais promissores, daqui a dois anos, em sua próxima edição.