A última mudança profunda sobre quatro rodas no Brasil foi quando a missão de levar combustível para o motor migrou da mecânica para a eletrônica.
Hoje, carros híbridos e elétricos devem reeditar aquela história dos anos 1990 em vários aspectos, e o ar-condicionado não será exceção.
Quem prevê é o professor Sérgio Eugênio, último presidente do Departamento Nacional de Ar Automotivo da ABRAVA e fundador da Super Ar, empresa paulistana especializada na área e que ministra vários cursos www.superar10.com.br.
Independentemente desse período de transição, ditado pelo vencimento das primeiras garantias de fábrica, ele enxerga mudanças para os mecânicos desde já.
“Principalmente, no item segurança”, prevê Serginho, como é mais conhecido. ”As tensões vão de 200 volts a 800 volts, o suficiente para matar”, exemplifica.
Além disso, a aplicação no circuito de fluidos refrigerantes A2L, de baixo GWP, mas levemente inflamáveis, requer atenção especial onde haja faíscas e altas temperaturas. Ao mesmo tempo, compressores e lubrificantes também serão outros.
Nada, porém, impossível de ser superado, da mesma forma que as oficinas mecânicas hoje dominam a injeção eletrônica. ”Também temos engenheiros no AVACR aptos a ministrar esses novos conhecimentos”, assegura.
”Por isso, o profissional deve buscar o máximo de informação, ler bastante, fazer cursos e treinamentos antes de iniciar suas atividades neste novo momento”, acrescenta o professor Serginho.
Ficar atento às normas técnicas sobre segurança e conhecer bastante o sistema e os produtos nele usados é igualmente fundamental, no entender do mestre.
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Híbridos são mais negócio
De uma forma geral, contudo, o tempo ainda se encontra a favor dos técnicos, pois a maioria dos carros elétricos tem garantia de oito anos na bateria, item mais caro de um modelo do gênero.
Porém, Serginho vê a possibilidade de ocorrer algo semelhante ao que acontece hoje com os smartphones, simplesmente trocados pelas pessoas quando param de segurar carga.
“O mau estado de nossas vias também deve gerar forte demanda e mão de obra muito cara, fornecida apenas por quem estiver bem preparado e equipado”, antevê.
Com tantas interrogações no horizonte, mesmo tendo em mente o precedente positivo da injeção eletrônica, Serginho aposta mais mesmo é no carro híbrido.
”Ele é uma certeza, um caminho sem volta, enquanto o elétrico, na minha opinião, é a chamada barca furada”, dispara. E conclui: ”Como dizem, o Brasil não é para amadores”.