O universo da refrigeração e climatização (AVAC-R) está à beira de uma transformação significativa. Uma nova geração de fluidos refrigerantes, representada pelas hidrofluorolefinas (HFOs), está emergindo para substituir os tradicionais hidrofluorcarbonos (HFCs), como o R-134a, e hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), como o R-22.
Mas qual é o grande apelo desses novos fluorquímicos? Eles oferecem uma solução dupla: assim como ocorre com os HFCs, as HFOs não agridem a camada de ozônio, mas possuem potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) extremamente baixo.
Apesar dessa inovação já ser conhecida entre renomados fabricantes do setor há anos, muitos refrigeristas ainda não estão preparados para lidar com as características específicas desses novos produtos.
Alguns deles, afinal, apresentam leve grau de inflamabilidade (A2L), um fator que demanda mais conhecimento para seu manuseio seguro.
No último Conbrava, realizado paralelamente à Febrava em São Paulo, Frank Amorim, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), trouxe esclarecimentos sobre o ambiente regulatório.
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Uma instrução normativa do Ibama está sendo preparada, prometendo direcionar o AVAC-R para um caminho similar ao percorrido com a substituição dos clorofluorcarbonos (CFCs) nos anos 1990 e 2000, informou o representante do MMA.
Para o gerente de vendas da Chemours na América do Sul da Chemours, Carlos Ribeiro, independentemente dos prazos de redução gradual dos HFCs a serem divulgados pelo governo brasileiro, “existe uma grande carência sob o ponto de vista educacional, envolvendo o conhecimento das novas tecnologias de produtos, embora a indústria já esteja preparada para isso”.
Apesar da existência desse gargalo, o gestor se revelou otimista. “Enfrentaremos este desafio com facilidade, pois hoje há maior disponibilidade de informações e a Chemours está comprometida junto a fabricantes e instituições de ensino em disseminar o conhecimento no setor do AVAC-R”, ressaltou.
No caso específico da Chemours, Ribeiro afirmou que, além do desenvolvimento e da comercialização de linhas de HFOs compatíveis com as demandas do AVAC-R, há ações em paralelo, representadas pelo trabalho educativo desenvolvido pelos times técnico e comercial da empresa, mostrando aos clientes as mudanças que vão adequar o mercado brasileiro às exigências da Emenda de Kigali, o mesmo se aplicando aos refrigeristas, por meio de treinamentos e palestras.
“Com a iminência de uma nova era de fluidos refrigerantes, os profissionais do setor enfrentam o desafio de se atualizar. E a jornada rumo a um futuro mais sustentável no setor começa com a capacitação e a adaptação às novas tecnologias e regulamentações”, reforçou.