A equipe da Expedição Transamazônica, viagem educativa sobre quatro rodas promovida pelo centro técnico paulistano Super Ar, cruzou hoje (10) a divisa entre Mato Grosso e Pará.
A road trip, que começou em São Paulo na última segunda-feira (5), tem como objetivo reforçar a importância da implementação da Emenda de Kigali no Brasil e da qualidade do ar interno (QAI) nos meios de transporte terrestre.
A primeira parada técnica da expedição aconteceu em Três Lagoas (MS), onde o professor Sérgio Eugênio da Silva ministrou, na noite de terça-feira (6), palestra sobre novas tecnologias e boas práticas para cerca de 50 profissionais do ramo na associação comercial da cidade sul-mato-grossense.
Durante o evento, o docente falou sobre as vantagens econômicas e ambientais proporcionadas pelo recolhimento e reciclagem de fluidos refrigerantes nas oficinas, além da relevância do controle de vazamentos em carros, caminhões, ônibus e tratores.
“Cada molécula de R-134a lançada na atmosfera equivale a 1,3 mil moléculas de dióxido de carbono”, informou o engenheiro, ao ressaltar que “não é novidade que as emissões de gases de efeito estufa são o grande vilão das mudanças climáticas”.
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“Mas muita gente não sabe que os fluidos frigoríficos são um dos grandes responsáveis por esse fenômeno, razão pela qual eles devem ser devidamente recolhidos e reciclados após manutenções e outras ações corretivas, a fim de mitigar os danos ambientais causados por essas substâncias”, disse.
Segundo o especialista, o Brasil lança, anualmente, cerca de seis mil toneladas do hidrofluorcarbono (HFC) R-134a no meio ambiente. “Isso representa, aproximadamente, 60% do volume importado pelo País”, salientou, lembrando que “esse fluorquímico começou a ser utilizado em sistemas de ar condicionado de automóveis nos anos 1990, no lugar do clorofluorcarbono (CFC) R-12, um fluido refrigerante com altíssimo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês)”.
“O R-12 ainda era extremamente nocivo à camada de ozônio. Por isso, ele já foi banido do mercado, o que também vai ocorrer, em breve, com os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), como o R-22 e o solvente R-141b, conforme o cronograma estabelecido pelo Protocolo de Montreal, tratado ambiental do qual o Brasil faz parte”, explicou o palestrante.
Alternativas sustentáveis
De acordo com Sérgio Eugênio, os países de primeiro mundo têm utilizado o fluido refrigerante Opteon YF (R-1234yf) – uma hidrofluorolefina (HFO) levemente inflamável (A2L) desenvolvida pela Chemours – no lugar do R-134a nos automóveis produzidos neles.
“Assim como o R-134a, o YF é uma substância inofensiva à camada de ozônio, mas com um GWP ultrabaixo”, disse.
“Os carros importados em circulação no Brasil já utilizam esse refrigerante de última geração. Com a iminente ratificação da Emenda de Kigali, as montadoras instaladas aqui também devem migrar para essa tecnologia sustentável nos próximos anos. Pelos termos do acordo, vamos ter de congelar o consumo de R-134a e outros HFCs de alto impacto climático em 2024, reduzir seu uso em 10% até 2029 e atingir redução de 85% até 2045.”
“A manipulação do YF, porém, requer treinamento e equipamentos de proteção individual (EPIs) específicos, em função da sua inflamabilidade”, enfatizou.
Outra alternativa sustentável que está sendo introduzida no mercado de refrigeração e ar condicionado é o agente de limpeza Opteon SF80, solvente industrial desenvolvido para substituir o R-141b, cuja importação já foi reduzida drasticamente pelo Brasil.
“Trata-se de um produto ecológico e não inflamável também fornecido pela Chemours”, disse.
“Além de não ser nocivo à camada de ozônio, o SF80 tem baixíssimo GWP e possui o melhor poder de solvência de sua classe”, acrescentou.
Palestra em Santarém
A caravana tecnológica organizada pela Super Ar deve chegar neste domingo (11) a Santarém, onde o professor Sérgio Eugênio ministrará, na terça-feira (13), palestra técnica para mecânicos na associação comercial e industrial do município, das 19h às 22h.
O evento conta com patrocínio de grandes empresas do segmento – ACA, Bergstrom, Chemours, Globus, Mastercool, Paccini, Quimital, Rodofrio, SterBox e Texa – e apoio institucional da Doutor IE, Conforlab e Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
“Nossa participação nessa incrível jornada de conhecimento técnico e conscientização ambiental reafirma nosso compromisso com os princípios norteadores do desenvolvimento sustentável”, destaca o engenheiro Carlos Ribeiro, líder de vendas para o mercado de reposição da Chemours no Brasil.
Outra patrocinadora da expedição, a Quimital ressalta que, “como distribuidores de soluções tecnológicas para controle de vazamentos de fluidos refrigerantes e de outros produtos para o segmento, estamos satisfeitos por apoiar essa iniciativa pioneira da Super Ar”.
Na avaliação da empresa, “as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas pelo Acordo de Paris e Emenda de Kigali só poderão ser atingidas pelo Brasil com a redução do desmatamento da Amazônia e da contenção de fugas de HFCs, entre outras medidas dessa natureza”.