Os riscos do ácido trifluoroacético (TFA, na sigla em inglês), um subproduto resultante da degradação natural do fluido refrigerante de baixo impacto climático R-1234yf na atmosfera, são inexpressivos para a saúde pública e o meio ambiente.
Essa é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado, nos EUA, sobre a deposição de TFA oriundo das emissões dessa hidrofluorolefina (HFO) que vem sendo cada vez mais usada no lugar do hidrofluorcarbono (HFC) R-134a em ares-condicionados de automóveis, assim como em outras aplicações na indústria de refrigeração e climatização.
O artigo, revisado por pares, foi publicado no Atmospheric Chemistry and Physics no ano passado. A pesquisa focou nas concentrações esperadas de TFA a partir da degradação do R-1234yf emitido agora e no futuro pela Índia, China e Oriente Médio.
De acordo com os modelos utilizados para a projeção dos cenários avaliados, “concluímos que, com o conhecimento atual dos efeitos do TFA em humanos e ecossistemas, as emissões projetadas até 2040 não seriam prejudiciais” às pessoas e ao planeta, dizem os especialistas em ciências atmosféricas que participaram do estudo.
Duelo de gigantes
Desde que começaram a chegar ao mercado de refrigeração, aquecimento e ar condicionado, as HFOs enfrentam resistência por parte de grupos de ativistas que atuam em prol dos fluidos refrigerantes chamados erroneamente de “naturais”.
Segundo os críticos das HFOs, o R-1234yf, quando liberado na atmosfera, se transforma inteiramente em TFA em até 12 dias e, depois desse período, ele cai junto com a água da chuva e se acumula em corpos hídricos.
Entretanto, “estudos anteriores [ao da Universidade Estadual do Colorado] concluem que o TFA não se bioconcentra em organismos ou biomagnifica na cadeia alimentar, indicando que o risco que ele representa para os seres humanos e os ecossistemas é insignificante”, conforme rebate Jordan Smith, diretor executivo do Fórum Global de Tecnologias Climáticas Avançadas (GlobalFact), um laboratório de ideias ligado aos principais fabricantes de fluorquímicos do mundo.
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“O céticos das HFOs adotaram o TFA como uma forma de minar a segurança e a sustentabilidade desses fluidos refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP) quando, na realidade, aproximadamente 95% do TFA presente no meio ambiente ocorre naturalmente”, explica.
Para Smith, as conclusões da pesquisa apoiada pelo GlobalFact “são consistentes com as descobertas anteriores focadas nos EUA, Europa e China, desmascarando ainda mais a falsa alegação de que o TFA do R-1234yf é prejudicial à vida na Terra”.
“O estudo reforça ainda mais nossa compreensão do impacto humano e ecológico insignificante do TFA do R-1234yf para as regiões mais populosas e de alto crescimento econômico do mundo”, afirma.
Na avaliação de Smith, “as descobertas são uma adição importante ao crescente corpo de pesquisas atmosféricas que indicam fortemente que os riscos do TFA do R-1234yf são desprezíveis”.
“Em um momento em que os defensores dos refrigerantes ‘naturais’ estão tentando afastar os proprietários de instalações das soluções baseadas em HFCs e HFOs de baixo GWP, essa nova pesquisa pode e deve fornecer aos clientes as informações adicionais necessárias para a seleção de alternativas seguras e sustentáveis para seus negócios”, arremata.
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