Os preços dos fluidos refrigerantes fluorados atingiram patamares recordes em 2021, notadamente entre setembro e outubro, meses em que reajustes sucessivos e generalizados desses insumos tiraram o sono da grande maioria dos comerciantes e profissionais da indústria de refrigeração e ar condicionado.
O movimento de disparada ocorreu, basicamente, em função de gargalos como a escassez de matérias-primas utilizadas pela indústria química na fabricação de hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e hidrofluorcarbonos (HFCs), elevação do preço do frete marítimo e oferta limitada de contêineres, além de paralisações intermitentes de portos e fábricas ocasionadas por surtos de covid-19 na China, principal fornecedor global dessas substâncias.
Desde o fim do ano passado, porém, os preços dos fluorquímicos começaram a dar trégua ao setor, embora eles continuem cerca de 60% mais caros do que antes do início da pandemia, segundo o diretor comercial da Osmag Rio, Gustavo De Carli.
Nos últimos dois anos, “o custo do frete impactou bastante o preço de todos os produtos importados, sem contar os aumentos dos preços das matérias-primas”, afirma.
De acordo com o empresário, um contentor de carga padrão tem capacidade para transportar 1.150 botijas de refrigerantes.
Antes da crise sanitária, trazer da China um “contêiner custava em torno de US$ 1,5 mil, ou seja, US$ 1,30 por botija. Hoje, estamos falando de um frete acima de US$ 15 mil, o que dá mais de US$ 13 por botija”, exemplifica.
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De maneira geral, entretanto, o custo dos compostos halogenados caiu entre 50% e 60% em relação a setembro, segundo comerciantes consultados pelo Blog do Frio na sexta-feira (7/1).
“O quilo do R-134a chegou a bater a casa dos R$ 150, mas hoje está na faixa de R$ 60. O R-410A, cujo quilo também chegou a custar R$ 150, hoje está R$ 80”, compara o empresário Paulo Neulaender, sócio da Frigga Refrigeração, salientando que “esses preços não devem se alterar” nas próximas semanas.
O preço do R-22 também está estável e cerca de 50% mais barato em relação ao pico atingido no ano passado, segundo o analista de compras da Girelli Refrigeração e Isocold, Jean Cristian Ader.
“O R-404A foi, para mim, o campeão dos aumentos. No auge da crise, cheguei a receber umas tabelas loucas com quase 800% de reajuste, mas hoje esse aumento se estabilizou em 56%”, informa.
Os preços dos gases refrigerantes, enfim, têm seguido tendência de baixa e estabilização no curto prazo, mas o futuro ainda é incerto, conforme avalia o gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Chemours na América Latina, Arthur Ngai.
“Apesar da forte redução em relação ao último trimestre do ano passado, as festividades do Ano Novo chinês, os Jogos Olímpicos de Inverno na China e as restrições que deverão ser impostas para conter os surtos de covid-19 causados pela variante ômicron do novo coronavírus por lá alimentam incertezas”, diz.
Especificamente sobre as Olimpíadas, o gestor lembra que o país asiático vai realizar paralisações programadas de fábricas para reduzir a poluição atmosférica e as emissões de gases de efeito estufa de suas indústrias durante o evento esportivo, o que pode afetar diretamente a cadeia de abastecimento de commodities em todo o mundo.