Os preços dos contêineres caíram 9,2% em relação ao que custavam um mês atrás, e 11,38% em relação à alta histórica registrada no final de setembro. Apesar da queda, o frete marítimo de um contentor de carga padrão ainda está 250% mais caro do que há um ano. Esses dados constam do World Container Index.
O relatório, elaborado pela consultoria britânica Drewry, considera as oito rotas comerciais que ligam a Ásia à Europa e aos EUA. Embora a empresa esteja confiante de que esses custos se manterão estáveis nos próximos dias, as expectativas não são muito otimistas no médio prazo.
Segundo a análise técnica, a recuperação dos preços a níveis pré-pandêmicos não está contemplada no curto ou médio prazos. Na verdade, embora entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC) considerem que o colapso na cadeia de abastecimento de matérias-primas já tenha atingido seu pico, o setor não deve voltar à normalidade pelo menos até meados de 2022.
Impactos no HVAC-R
No Brasil, a redução do preço do contêiner ainda é insuficiente para abrandar a crise das commodities que atinge o mercado de refrigeração e ar condicionado e outras indústrias de maneira geral. Empresários ouvidos pelo Blog do Frio preveem queda – ou, pelo menos, estabilização dos preços – somente no ano que vem.
“O frete não baixou significativamente – o preço do contêiner caiu de US$ 13 mil para US$ 12 mil nas últimas semanas – e a redução da alíquota de importação em poucos pontos percentuais também não ajudou muito a baixar, por exemplo, o preço do gás refrigerante, que disparou como nunca antes visto nos últimos meses”, explica o diretor comercial da Refrigeração Cacique, Rogério Rosalles.
O diretor comercial da filial brasileira da GTS Milano, Thiago Porto, informa que “a demanda ainda está forte, o que tem maior peso sobre as precificações dos fluidos refrigerantes”.
“Acreditamos que a queda do frete só começará a se refletir nos preços dos fluorquímicos daqui mais uns 30 a 45 dias ainda”, acrescenta o executivo.
O gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Chemours na América Latina, Arthur Ngai, também avalia que a redução do custo do frete foi “tímida”, e que “houve uma leve correção, ainda muito longe dos fretes vistos no período pré-pandemia”.
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O gestor ainda revela que “há preocupações com relação às restrições da cadeia de fornecimento na China e esse fator pode ser agravado com chegada do período das festividades, além dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, quando fábricas localizadas em regiões próximas ao evento multiesportivo terão sua operação limitada, a fim de reduzir os índices de poluição atmosférica”.
Segundo o professor Sérgio Eugênio da Silva, diretor da escola de climatização automotiva Super Ar, “o mundo todo depende muito dos insumos provenientes da China, hoje o principal parceiro comercial do Brasil e grande produtor mundial de commodities metálicas e fluidos refrigerantes”.
“Além disso, as atuais eleições presidenciais e parlamentares no Chile, maior produtor global de cobre, podem afetar um terço da oferta dessa outra matéria-prima importantíssima em nosso dia a dia”, enfatiza.
“O destino de um polêmico projeto de reforma fiscal que pode colocar em risco um quarto da produção chilena, aumentando drasticamente a carga tributária, depende diretamente do resultado do pleito de 19 de dezembro”, diz o empresário, lembrando que a crise das commodities é uma das grandes incógnitas e preocupações da economia mundial e, especificamente, do setor de refrigeração e ar condicionado, que nos últimos meses assistiu a diversos aumentos de preços, em decorrência da escassez de matérias-primas e dos aumentos do frete marítimo, dos combustíveis e da energia elétrica.