Embora os líderes mundiais ainda não tenham chegado a um acordo definitivo para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE) nas próximas décadas, as altas sucessivas da conta de luz têm estimulado o investimento privado em tecnologias ambientalmente corretas, entre as quais placas fotovoltaicas, variadores de frequência e fluidos refrigerantes mais eficientes e de menor impacto climático.
Uma das empresas que vêm apostando fortemente em soluções do gênero é a paulistana Food Center. No fim de outubro, a companhia colocou em operação em seu armazém frigorífico na Mooca um rack de compressores com carga de 160 quilos de R-449A, substância à base de hidrofluorolefina (HFO) comercializada pela Chemours sob a marca Opteon XP40.
Em 2018, a Food Center já havia investido em dois racks com 80 quilos do produto cada um. A redução do consumo energético proporcionada pelo fluorquímico desenvolvido para substituir o hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 e o hidrofluorcarbono (HFC) R-404A foi o que pesou, mais uma vez, na decisão do atacadista.
É o que afirma o engenheiro responsável pelo projeto e instalação dos três sistemas de refrigeração com Opteon XP40, Amaral Gurgel.
“Além de reduzir o consumo de energia e não degradar a camada de ozônio, o potencial de aquecimento global [GWP, na sigla em inglês] dessa substância é 65% menor que o do R-404A, um GEE que já está sendo eliminado em vários países”, diz.
“Ao mesmo tempo em que ajuda a cortar emissões diretas de carbono, o Opteon XP40 permite projetar sistemas com maior eficiência energética e menor custo operacional para o cliente”, ressalta.
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Em geral, os sistemas de refrigeração comercial costumam perder, anualmente, de 5% a 10% de sua carga de fluido refrigerante. “Contudo, desde a primeira instalação que fizemos há três anos, não registramos nenhum vazamento. Isso significa que os equipamentos foram bem instalados e passam por manutenção periódica adequada, algo raro no mercado”, informa.
Ao todo, a planta da Food Center possui duas câmaras frias de resfriados, três de congelados e duas antecâmaras instaladas num galpão de 2,5 mil metros quadrados.
Nelas, são movimentadas 50 toneladas de alimentos por dia destinadas a cerca de quatro mil bares, restaurantes, supermercados, hotéis, cozinhas industriais e unidades de saúde, entre outros estabelecimentos.
O atacadista fornece mais de 700 tipos de produtos, tais como refrigerantes, bebidas alcoólicas, suínos, bovinos, aves e pescados importados – segundo sua diretoria, a empresa é uma das maiores distribuidoras de proteínas em São Paulo.
O centro de distribuição (CD) possui aproximadamente mil toneladas de capacidade de armazenagem e conta com equipamentos eletrônicos de última geração, o que assegura a máxima qualidade aos produtos estocados sob refrigeração.
“A automação dos sistemas frigoríficos também é fundamental para otimizar seu consumo de energia”, lembra Gurgel, salientando que “as tecnologias necessárias para acelerar a descarbonização da indústria do frio já existem; basta apenas empregarmos essas soluções em novos projetos ou na modernização de sistemas antigos”.
“Muitas empresas estão investindo na ampliação ou reforma de suas instalações visando a eficiência energética, uma vez que 25% do custo total de funcionamento de um CD refrigerado está diretamente vinculado ao consumo de eletricidade”, acrescenta.
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