Os fluidos refrigerantes à base de hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) estão com os dias contados. Quem trabalha na área de refrigeração e ar condicionado sabe que está ficando cada vez mais difícil encontrar no mercado o agente de limpeza R-141b.
No ano passado, o Brasil, praticamente, zerou a importação dessa substância que degrada a camada de ozônio, o escudo protetor da Terra contra a radiação solar ultravioleta (UV). Agora, só os distribuidores que mantinham amplos estoques dispõem do produto para vender.
“Neste ano, o setor já vai sentir o impacto da falta do R-141b e o consequente aumento do custo”, diz o consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e diretor de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Paulo Neulaender.
“Mas já temos alternativas disponíveis com a mesma eficiência e baixo custo”, informa.
Contudo, prossegue Neulaender, “é importante tomar cuidado, pois há produtos de limpeza que, na prática, não limpam o sistema – não conseguem arrastar óleos e fuligens por completo – e, pior, alguns destroem, com o tempo, os elastômeros, o que resulta no vazamento do fluido refrigerante”, notadamente o R-22, outro gás poluidor que será banido, definitivamente, nos próximos anos.
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Mensalmente, o Brasil importa cerca de 600 toneladas de R-22 – 75% são destinadas à manutenção de sistemas de refrigeração comercial, enquanto as toneladas restantes abastecem sistemas de ar condicionado antigos. “O parque instalado de equipamentos operando com R-22 ainda é enorme”, lembra.
A partir de janeiro de 2025, as importações de R-22 sofrerão um corte de 67%. “Imagine essa situação: daqui a quatro anos, o setor poderá importar apenas 198 toneladas por mês, ou seja, vai faltar R-22 no mercado para manutenção de equipamentos”, alerta.
Por essa razão, Neulaender salienta que as máquinas em operação atualmente devem ser trocadas ou modernizadas. Para continuar usando suas instalações atuais, os proprietários deverão investir na substituição do fluido refrigerante.
“Caso o cliente queira, num primeiro momento, fazer um investimento mais baixo, o retrofit é a melhor opção”, avalia. O uso de fluidos frigoríficos regenerados também pode ser uma solução transitória para segmento.
“Desde já, é importante incluirmos nesse processo de transição tecnológica a boa prática de recolher e reutilizar tais compostos, aproveitando seus benefícios ambientais e financeiros”, aconselha.