Após um aumento surpreendente no volume de emissões de triclorofluormetano (R-11), sua concentração na atmosfera voltou a diminuir em 2019, atingindo níveis anteriores ao registrados em 2008. É o que revela um estudo publicado quarta-feira (10) na revista científica Nature.
Além de destruir moléculas de ozônio na estratosfera, esse fluido refrigerante à base de clorofluorcarbono (CFC) é um gás de efeito estufa (GEE) com um potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) cinco mil vezes maior que o do dióxido de carbono (CO₂).
Embora seu uso já tenha sido banido no âmbito do Protocolo de Montreal, tratado ambiental estabelecido em 1987 para eliminar o uso de substâncias destruidoras de ozônio (SDOs) em todo o mundo, cientistas constataram, em 2018, um aumento preocupante na concentração de CFC-11 na atmosfera.
Em 2019, uma segunda equipe de pesquisadores descobriu que uma parte significativa das emissões tinha como origem o leste da China, principalmente nas províncias de Shandong e Hebie.
As investigações subsequentes encontraram evidências da produção ilegal e do uso contínuo de CFC-11 no setor de espumas de poliuretano no país asiático.
Já o novo estudo, realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), da Universidade de Bristol (Reino Unido) e de outras instituições da Coreia do Sul, EUA, Japão, Austrália e Suíça, constatou que as emissões de CFC-11 caíram rapidamente para níveis muito baixos, colocando as ações de recuperação da camada de ozônio de volta nos trilhos.
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As equipes reportaram que as emissões anuais globais desse gás na atmosfera diminuíram drasticamente, em cerca de 20 mil toneladas nos EUA, de 2018 a 2019.
Os pesquisadores verificaram uma fração substancial das reduções de emissões globais nas mesmas regiões do leste da China nas quais antes os picos originais foram descobertos.
Os especialistas ressaltam que os resultados do estudo são consistentes com as evidências de que o país colocou em prática ações bem-sucedidas para erradicar a produção ilegal de CFC-11.
“Foi relatado que as autoridades chinesas reagiram, apreendendo CFCs, prendendo responsáveis e destruindo instalações de produção”, salientou o principal autor do estudo, Luke Western, da Universidade de Bristol.
“Isso é tremendamente encorajador”, disse Ronald Prinn, diretor do Center for Global Change Science do MIT e co-autor do artigo.
“Se as emissões de CFC-11 continuassem subindo ou apenas se estabilizassem, teria ocorrido um problema muito maior. As redes globais de monitoramento realmente perceberam esse pico a tempo, e as ações subsequentes reduziram as emissões antes de se tornarem uma ameaça real à recuperação da camada de ozônio”, afirmou.