Quando falamos em serviços de instalação ou manutenção de sistemas de refrigeração e ar condicionado, é muito comum no bate-papo dos profissionais surgirem algumas dúvidas em relação à carga correta de fluido refrigerante.
No dia a dia, as boas práticas nem sempre são respeitadas, principalmente quanto a informações e recomendações técnicas fornecidas pelo fabricante do produto, seja ele um condicionador de ar ou um equipamento de refrigeração.
Geralmente, essas máquinas possuem uma etiqueta na qual constam várias informações sobre elas, inclusive a quantidade de fluido refrigerante, especificando esse valor em gramas ou quilogramas.
O fato é que muitos decoram um determinado valor de pressão de trabalho e isso acaba se tornando, erroneamente, um padrão para o funcionamento do sistema, mas nem sempre essa prática dá certo.
Em se tratando de fluido refrigerante, é possível comprovar que as temperaturas internas e/ou externas influenciam diretamente a pressão de trabalho do sistema, sem que a quantidade (massa) do fluido refrigerante seja modificada.
Enfim, as pressões sofrem variações em relação à variação da temperatura. Então, não dá para afirmar que um determinado sistema, numa determinada pressão, tem exatamente uma quantidade X de fluido.
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Tomando como base uma tabela de pressão x temperatura do fluido refrigerante R-410A, podemos verificar que suas pressões aumentam e diminuem conforme as variações de temperatura.
Nas imagens, temos como exemplo as temperaturas de evaporação de um sistema de ar condicionado, em que variando as temperaturas, variam-se também as pressões, e isso sem informação nenhuma da quantidade de fluido refrigerante no sistema.
Temos que nos preocupar com isso quando a carga é feita por pressão? Sim, lógico que temos.
Vou dar um exemplo: em dias com temperaturas externas abaixo de 20 °C, o volume do fluido refrigerante na fase “gasosa” diminui. Então, para se alcançar a pressão de referência e não congelar a garrafa, geralmente a carga é colocada na fase liquida sem balança (R-134a ou R-22) até se chegar à pressão de referência.
Momentaneamente, isso parece não ser nada grave. Afinal de contas, a máquina funciona – “gela” que é uma beleza. Contudo, quando esse mesmo sistema, num determinado dia de temperatura acima de 25 °C, ocorre aquele defeito de desarme do equipamento por alta pressão, protetor térmico ou por sobrecorrente. Isso porque no dia “frio” a carga foi dada por pressão, então a quantidade de gás refrigerante adicionada ao sistema foi superior à recomendada, com isso essa mesma carga em dias de calor dá excesso.
Portanto, é essencial a utilização da balança de precisão ou carregar o fluido pelo superaquecimento. Em refrigeração comercial, o superaquecimento deve estar entre 10 K a 20 K e em climatização entre 5 K a 8 K. Logicamente, esses são valores médios utilizados no dia a dia, mas nada melhor do que consultar o fabricante para obter as informações precisas.
Para finalizar, é por esse motivo que muitos profissionais ficam reféns de manutenções eternas – ora coloca fluido, ora tira fluido e nunca consegue acertar a carga correta, ou seja, a quantidade ideal em kg ou g.
Completar a carga de fluido por pressão e acompanhando com a corrente elétrica só dá realmente certo se for utilizado do cálculo de superaquecimento recomendado pelo fabricante.
Acompanhe meu experimento na prática:
* Anderson Oliveira é professor e fundador do canal Intac Treinamentos no YouTube
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