Quando entrou na subsidiária brasileira da segunda maior empresa química do mundo, em 1988, aquele engenheiro eletrônico com 28 anos de idade sequer imaginava quantas transformações teria pela frente em sua carreira, após inicialmente comandar a área de comunicação e marketing da então DuPont.
Em 2015 ele acumularia a função de diretor de fluorquímicos para a América Latina da multinacional americana, com a liderança no Brasil da recém-nascida Chemours, numa época em que o País começava a sofrer, com toda a intensidade, os efeitos da crise econômica internacional.
“É a capacidade de adaptação a situações estressantes e mudanças contínuas que diferenciam globalmente o executivo brasileiro”, reconhece Maurício Xavier, dando como exemplo disto a forma como a pandemia do novo coronavírus vem sendo enfrentada pelas corporações locais.
Na Chemours (ex-DuPont Refrigerantes) ele sentiu em toda a intensidade o sentido da palavra mudança, pois lidou com novas funções, equipes e portfólios, ao cumprir a tarefa de manter toda a qualidade e tradição de uma marca mundial bem-sucedida, “porém atuando como uma empresa mais enxuta e dinâmica, focada no HVAC-R e fornecendo a este segmento produtos ambientalmente amigáveis”, diz Maurício.
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No mercado, uma das grandes modificações que ele identifica diz respeito aos instaladores e técnicos em refrigeração e ar condicionado. “Hoje eles são os maiores parceiros da indústria, pois nos transmitem informações valiosíssimas, ao relatar nas mídias sociais suas experiências com os produtos, sem qualquer interesse comercial”, reconhece.
Em contrapartida, sua maior frustração ao longo de toda a bem-sucedida trajetória profissional trilhada até aqui diz respeito aos muitos talentos dos quais foi obrigado a abrir mão, em decorrência da adaptação vivida pelas corporações nestes novos tempos.
Tal movimentação assume significado especial para alguém como Maurício, que sempre prezou muito o bom relacionamento mantido com as pessoas. “Minha parte preferida em tudo isso sempre foi estar com elas, ajudá-las a progredir, trocar energias e, por meio desse convívio, promover o desenvolvimento mútuo”, assegura.
Terapia
Mas foi bem antes, com o seu falecido pai, que o executivo tomou contato com uma outra paixão alimentada até hoje: a música. Ambos passavam horas ouvindo ópera e frequentemente saíam à procura de discos especiais.
Tal influência o acabaria levando a estudar música e até mesmo cursar inicialmente engenharia eletrônica, opção acalentada pelo gosto incontido de lidar com equipamentos de som.
Não por acaso, um dos seus primeiros empregos foi na Bravox, conhecido fabricante de alto-falantes à época.
Além disso, até hoje se reúne com um grupo de amigos para falar de assuntos musicais e tocar sua flauta transversa, uma atividade que pretende intensificar quando começar seu merecido descanso, daqui a poucos meses.
Em meio a tudo isso Maurício confessa também encontrar uma verdadeira terapia, por meio da qual oxigena a criatividade e alivia as grandes tensões.
Ao mesmo tempo, sempre serviu de apoio a condutas preciosas do mundo corporativo, tais com disciplina, dedicação, foco e amor pelo o que se faz.
Agora, aos 60 anos, com uma filha casada e disposição de fazer inveja, certamente não está nos planos dele passar o tempo que eventualmente sobrar nessa nova etapa da vida vagando de pijama pela casa.
Superada a pandemia, Maurício planeja viajar no máximo dois meses com a esposa, Silmara, e na volta já cogita tornar-se consultor para dividir com outros profissionais muito do que aprendeu em mais de três décadas de vivência profissional.
Pretende ainda voltar a estudar música, quem sabe aprender a tocar um novo instrumento, além de se reunir com os amigos com maior frequência e, claro, ver o Brasil deixar no retrovisor da história o difícil momento que está vivendo.
Como legado especial para encarar o novo momento, este simpático ícone do HVAC-R, famoso pelo seu jeito afável e um flagrante sotaque italiano, atribuído por ele ao período vivido no paulistano bairro da Moóca, vai levar para a aposentadoria uma legião de amigos, que soube cultivar como poucos por onde passou.