Vestígios do novo coronavírus (Sars-CoV-2) foram encontrados em um duto de ar de um hospital em Singapura. A pesquisa sugere que pequenas gotículas respiratórias carregadas de vírus podem ser deslocadas pelo fluxo de ar e depositadas nas aberturas do sistema de ventilação.
Entretanto, não há evidências científicas de que o patógeno possa ser disseminado a partir de quartos de isolamento com pressão negativa, conforme destaca a professora Leo Yee Sin, diretora executiva do Centro Nacional de Doenças Infecciosas (NCID, na sigla em inglês) do país asiático.
Amostras retiradas da pia e do vaso sanitário usados por um paciente com covid-19 também apresentaram resultado positivo quanto à presença de Sars-CoV-2, enquanto as amostras pós-limpeza apresentaram resultado negativo, sugerindo que as medidas atuais de descontaminação desses ambientes são suficientes para higienizá-los.
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Para o professor Kenneth Mak, diretor de serviços médicos do Ministério da Saúde de Singapura, as descobertas do NCID são consistentes, uma vez que os sistemas de ar condicionado de quartos de isolamento não são iguais aos aparelhos residenciais, que ficam no alto da parede e produzem pressão positiva.
Em salas isoladas, diz o especialista, as aberturas de ventilação ficam localizadas na parte inferior do ambiente e o fluxo de ar é rigidamente controlado, para que o ar não se espalhe para outros espaços.
A pesquisa do NCID foi publicada no Journal of American Medical Association no início do mês, logo depois que a doença atingiu centenas de passageiros do navio Diamond Princess Cruise.
Estudos de outros centros de pesquisas ao redor do mundo indicam que sistemas convencionais de ar condicionado não têm capacidade suficiente para filtrar o novo coronavírus.
“O problema é que esses sistemas não conseguem filtrar partículas menores que cinco mil nanômetros”, diz o professor Qingyan Chen, da Universidade Purdue, em Indiana, nos EUA.
O tamanho do novo coronavírus ainda não é conhecido, mas o agente de uma infecção semelhante – a síndrome respiratória aguda grave (Sars) – foi registrado tendo apenas 120 nanômetros.
O pesquisador ressalta que, se o Sars-CoV-2 tiver o mesmo tamanho, “o sistema de ar condicionado do navio estaria transportando o vírus para todas as cabines”.
“Os navios de cruzeiro poderiam minimizar esse problema usando apenas o ar externo, evitando sua recirculação”, informa.
Já as companhias aéreas vêm tentando garantir aos passageiros que seus sistemas de ar condicionado estão aptos a impedir que o coronavírus se espalhe pelo ar em suas aeronaves. A Etihad, por exemplo, afirma que seu sistema de climatização é tão seguro como o de um centro cirúrgico.
“Em qualquer área confinada, existe o risco de contrair doenças de outras pessoas”, diz uma nota da empresa. “No entanto, o risco é considerado menor nos aviões, devido ao uso de filtros de ar de alta eficiência, que são capazes de capturar mais de 99% dos micróbios transportados pelo ar”, acrescenta.