A Midea está convocando os consumidores brasileiros que adquiriram máquinas lava e seca da linha Acqua para a troca preventiva gratuita da placa eletrônica do eletrodoméstico, devido à possibilidade de eventual acúmulo de umidade e de íons em uma região específica do componente, o que pode ocasionar um arco voltaico durante o ciclo de secagem.
O fabricante alerta que, “em casos extremos, o arco voltaico pode deteriorar a placa eletrônica e, quando não controlado a tempo, eventualmente ocasionar risco de incêndio da unidade, circunstância que pode oferecer riscos à saúde e segurança dos consumidores”.
O aviso de recall da Midea destaca que o produto somente pode oferecer risco quando utilizado no ciclo de secagem, de modo que a máquina pode ser utilizada regularmente no ciclo de lavagem. “O consumidor não deve utilizar o produto na função de secagem, incluindo o modo ‘eco rápido’”, informa.
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Os consumidores devem entrar em contato com a empresa por meio dos canais informados no comunicado de recall (veja vídeo acima) para agendar a visita de um técnico credenciado para a realização do reparo, que “consiste na substituição da placa eletrônica e vedação do painel de controle”. O procedimento dura, em média, uma hora.
A campanha de troca preventiva da peça teve início na última segunda-feira (16) e, de acordo com o fabricante, abrangerá 30.727 unidades produzidas entre 6 de março de 2017 e 28 de maio de 2018.
Segundo o site do Procon-RJ, a Midea “relatou que tem conhecimento da existência de dois incidentes relacionados aos produtos objeto da campanha, mas que não resultaram em qualquer dano físico aos consumidores”.
Os modelos das máquinas que deverão passar pelo recall são LSA081, LSA082, LSA101, LSA102, LSC081, LSC082, LSC101, LSC102, LSC121, LSC122, LSX121 e LSX122.
Riscos de acidentes de consumo
Ações preventivas contra riscos de acidentes de consumo são cada vez mais comuns no mercado global de eletrodomésticos.
Em novembro, a Springer Carrier convocou os consumidores brasileiros que compraram o multisplit Carrier 38LVBA18C5, modelo com inversor de frequência comercializado entre 2013 e 2018, para troca preventiva de cabo de conexão do motor ventilador do aparelho.
Segundo o alerta de recall, o fabricante de sistemas de ar condicionado identificou possibilidade de superaquecimento na unidade externa do produto, resultando em risco de incêndio capaz de causar danos físicos e materiais a proprietários e terceiros.
Desde 25 de novembro, o procedimento pode ser agendado pelos clientes por meio do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou pelo site da companhia.
Embora a legislação brasileira não estabeleça prazo para a realização de reparos do gênero ou substituição de produtos defeituosos, a Fundação Procon de São Paulo esclarece em seu site que, em casos de recall, “é muito importante que o consumidor atenda ao chamado do fornecedor o mais rápido possível, para evitar a concretização de possíveis acidentes de consumo”.
“Depois da execução do serviço, é preciso guardar o comprovante de realização do recall e, se for vender o bem, repassar o documento ao novo proprietário”, acrescenta.
O comunicado oficial do fabricante não revelou a quantidade de condicionadores de ar que deverão ser consertados, limitando-se a dizer que o número de unidades envolvidas no procedimento é pequeno.
Em meados de outubro, a Carrier convocou consumidores dos EUA e Canadá que adquiriram 5,8 mil sistemas de climatização vendidos sob as marcas Carrier e Bryant para recall dos equipamentos, segundo o jornal Miami Herald.
O problema verificado por lá é o mesmo daqui. “O motor do ventilador das bombas de calor pode falhar, causando o superaquecimento das unidades e apresentando risco de incêndio”, conforme declarado no aviso de recall enviado à Comissão de Segurança de Produtos para Consumidores dos EUA (USCPSC, na sigla em inglês).
A indústria disse à USCPSC que tomou conhecimento de casos de incêndio em seis condensadoras, e que nenhum dos acidentes causou ferimentos.
As máquinas com o possível defeito no cabo do motor do ventilador foram fabricadas na China e vendidas no mercado norte-americano de março de 2015 a abril deste ano, informou a reportagem.
No início de outubro, a Carrier já havia convocado, por causa do mesmo defeito, consumidores australianos para recall de 11 modelos de splits hi-wall e cassette quente e frio vendidos no país desde novembro de 2013.
Recentemente, um levantamento feito pelas autoridades britânicas revelou uma estatística alarmante sobre acidentes de consumo: aparelhos da marca Whirlpool foram responsáveis por cerca de 900 incêndios só em Londres desde 2009, deixando 10 mortos e 384 feridos.
E a maior ameaça para a integridade das residências são as máquinas secadoras, segundo reportagem do Daily Mail feita com base nos números divulgados pela Brigada de Incêndio da capital britânica.
Sobre a assunto, a empresa limitou-se a dizer, por meio de nota à imprensa, que “não pode verificar esses dados e, portanto, é incapaz de especular”.
Em 2013, a joint venture firmada entre a Bosh e a Siemens teve de fazer o recall de cinco milhões de máquinas de lavar louça em todo mundo, após descobrir um defeito na parte elétrica dos eletrodomésticos capaz de provocar incêndios.
Os acidentes vinham sendo relatados havia anos. Contudo, até então, presumia-se que os incêndios eram oriundos de falhas nas redes elétricas locais, e não do sobreaquecimento de componentes nos aparelhos domésticos, segundo as empresas.