Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que as mulheres estão mais presentes nas vagas de emprego em todo no mundo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas já ocupam 51,03% dos postos formais de trabalho no País.
Enfim, o papel da mão de obra feminina é cada vez mais relevante para a economia, fato que não é diferente na indústria nacional de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (HVAC-R, em inglês), que deve faturar R$ 33 bilhões este ano.
Segundo a diretora executiva do Sindicato das Indústrias de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento do Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP), Viviane Nunes, as mulheres têm ocupado todas as funções no setor, seja em atividades técnicas e de engenharia, seja em cargos de chefia em empresas, órgãos públicos ou entidades de classe.
Presidente do comitê de mulheres da Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Women in Ashrae) no Brasil desde outubro de 2018, a jornalista especializada em eficiência energética pelo Senai-SP tem atuado há anos para tornar mais equânimes as oportunidades no HVAC-R nacional, setor no qual a mão de obra ainda é majoritariamente masculina.
Para turbinar esse processo, organizou, em parceria com Sindratar-SP, o “Agora é que são elas – Mulheres no AVAC&R”, que até o momento premiou 57 mulheres em todo o Brasil.
A proposta da premiação itinerante – idealizada pela técnica Carmosinda Santos – é promover o encontro entre profissionais, empresas e academia para discutir e destacar a participação feminina na indústria do frio, propondo o debate sobre a qualidade profissional no mercado de trabalho.
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Diretora de relações institucionais do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon), Viviane chegou à Ashrae para um mandato de um ano, a convite de Bruno Martinez, presidente do capítulo brasileiro da entidade à época.
Segundo ela, a formação do comitê começou em sua gestão, e ele tem como proposta expandir o número de lideranças femininas e apoiar a permanência das mulheres no mercado de refrigeração e ar condicionado.
“Pela primeira vez, foi aberto espaço para discutir a presença feminina em diversas áreas do setor, e as mulheres puderam compartilhar suas experiências pessoais e profissionais”, diz.
Entre as ações grupo, estão identificar as mulheres do setor em seus diversos cargos, contribuir com as empresas para aumentar a participação feminina no HVAC-R e discutir temas relacionados à presença das mulheres nessa indústria, inclusive promovendo eventos que estimulem seu desenvolvimento profissional.
As iniciativas visam continuamente incentivar profissionalmente as mulheres que atuam no setor de climatização e refrigeração, independentemente de sua área específica de atuação.
“Atuamos em consonância com as diretrizes da Agenda 2030, especialmente quanto à sua meta eliminar as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas”, ressalta.
“Com isso, estamos garantindo a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para liderança, em todos os níveis de tomada de decisão, na vida política econômica e pública, isso em nível mundial”, explica.
A executiva salienta que a ideia é atingir as metas globais por meio de objetivos pré-definidos pelas diretorias das entidades envolvidas. De acordo com ela, isso engloba o estabelecimento de estratégias para o alcance dessas finalidades e o desenvolvimento de um conjunto de ações.
Assunto “quente” em qualquer setor, a igualdade de gênero ainda é um desafio a ser superado nas engenharias, tanto em cursos técnicos como em superiores, além do mercado de trabalho em geral.
“As mulheres têm superado os homens nos indicadores educacionais, segundo o IBGE. Nosso maior desafio pela frente é que a qualificação atingida pelas mulheres tenha reflexos também nos postos ocupados e nos salários oferecidos”, afirma.